Does it make any sense?! No? So, welcome.
29
Jul 08
publicado por Andi, às 01:37link do post | comentar | ver comentários (2)

Existem alturas em que tudo o que escrevemos nos parece inútil, abjecto, destituido de qualquer sentido, por menor que seja, parece-nos tudo mal, errado, upside down, e sem a mínima criatividade!

 

Esta é uma daquelas alturas. Tenho dito.


23
Jul 08
publicado por Andi, às 21:16link do post | comentar | ver comentários (6)

Após alguns dias de reflexão interior e exterior verificadas numa areia poereinta, e um tanto desagradável para a pele, como é a areia da nossa praia, decidi escrever aqui um pouco das irracionalidades insanas que me perseguem no dia-a-dia, em horas de menor actividade mental (leia-se 24 horas por dia), até porque é o centésimo post, vá cem posts por mais ou menos um ano dá uma média de mais ou menos um post de três em três dias. Mais ou menos.

 

Uma coisa que me fode a cabeça é o politicamente correcto. Sem rodeios, nem moralidades falsas, directo, "curto e grosso", como a minha professora de matemática do nono ano gostava de afirmar, para encanto dos rapazes da turma. Fode-me a cabeça. Não digo que seja malcriada, ou não seja educada para as pessoas que conheço (não liguem à minha linguagem um pouco agressiva), mas existem situações que me parecem tiradas de uma novela mexicana de terceira categoria que passa entre as três e as quatro da matina, com dobragens horríveis. E isso arrepia-me. Terror puro. 

 

A filha da prima do irmão do primo do tio do avó, que se encontra ali, por acaso, à nossa frente e temos de fazer de contas que somos muito amiguinhos, porque somos da mesma família, e falar de banalidades:

" Olá. Tudo bem?"

 

Cumprimenta ela. Não faço a mínima ideia de quem seja, nunca vi semelhante pessoa.

 

"Sim."

 

Tom monocórdico, e quase inaudivel. Sorriso amarelo. Depois, como é óbvio, vem a pergunta da praxe:

 

"Vais estudar? Para onde? Qual o curso?"

 

Pensamento real - vai-te lá embora que eu estava a saber acerca da tareia que o tio José da Esquina deu na amante dele. Resposta.

 

"Não sei ainda."

 

 

O que não é bem verdade, mas não me apetece conversar acerca de assuntos que só a mim me dizem respeito e estar a partilhá-los com desconhecidos. Simplesmente sei como as coisas funcionam. A insularidade provoca destas coisas, em que cada pormenor é remexido até ao ínfimo e onde tudo importa.

 

Enfim, isto não aconteceu realmente, mas poderia ter acontecido. Por outro lado, existem pessoas que devem pensar que sou uma pessoa extremamente antisocial, e em certa medida sou. Toneladas de vezes não ouço quando falam comigo, aspecto que quando me encontro nestas situações adoráveis do politicamente correcto, aumenta significativamente. Enfim, não sou das pessoas que fala dos seus assuntos pessoais com pessoas conhecidas já cinco minutos. E ainda bem. O essencial não é esse, mas também não direi qual é. Desenrrasquem-se! (Poderia ter escrito todas as diarreias mentais que me ocorrem sobre este assunto, mas acho que já fui demasiado agressiva por hoje.

 

PS. Vou  sentir saudades tuas Jossy.

 

sinto-me: well, embora nao aparente

17
Jul 08
publicado por Andi, às 23:54link do post | comentar | ver comentários (2)

Hoje, estava eu sentada na poltrona da sala, bem estatelada, diga-se de passagem, a ver notícias, desportivas, note-se o meu grau de embriaguez de excesso de sono, quando começa a dar uma notícia acerca da entrada do Bosingwa no Chelsea.

 

"O Clube comprou o jogador ao Futebol Clube do Porto..." bla bla bla....

 

Nisto, a minha irmã mais nova de oito anos, vira-se para mim e diz:

 

"Eles compram pessoas!"

 

Ri-me e concordei. Mas fiquei a pensar nisso, algo que nunca me teria ocorrido por não saber ver e perceber o que está à vista no seu estado mais puro.


16
Jul 08
publicado por Andi, às 23:16link do post | comentar | ver comentários (2)

Tic-tac tic-tac tic-tac... Olhou de novo para o relógio que pertencera ao bisavó que dera ao seu avó e que dera ao seu pai, sempre na ocasião da partilha de bens, após a sua morte. O pai, porém deu-o quando partiu para o Ultramar, de certa forma foi também quando faleceu. Teria ele a consciência de que não voltaria intacto como havera partido? Que seria lembrado como um herói por ter regressado salvo de uma emboscada em que mais ninguém havera sobrevivido? Não sabia, e o pai nunca lhe falara nisso. Aliás, o pai nunca falava sobre nada, era como estivesse realmente morto. Pelo menos os mortos deixam saudade da sua companhia, os vivos-mortos não.

 

Um silêncio pairava sobre a sala, denso, quase palpável como nevoeiro em dia de morrinha. Pelo menos era assim que a sua avó dizia. Um silêncio ensurdecedor. Talheres tiniam, conseguia-se ouvir perfeitamente o sorver da sopa verde e pastosa por parte dos mais novos, o barulho do desassossego. Contudo, nada para além disso se ouvia. E isto era nada, portanto o silêncio estava ali presente, irrefutavelmente. Misturava-se com os objectos da sala, as cadeiras e a mesa de madeira escura envernizada, com alguns arranhões, apesar dos esforços da sua rica mãezinha em dar óleo nelas todas as Primaveras, numa luta infindável com o pó e o aspecto baço e desinteressante de tudo o que os rodeava. Infiltrava-se na carpete castanha, cor predominante ali, cor de terra, donde lhes provinha o sustento.

 

Cinco minutos passados. Tinha de se levantar e ir dormir. Eram nove horas da noite. Estava escuro lá fora. Um escuro húmido e friorento, que dava um arrepio na espinha, como se uma donzela lasciva se tratasse a instigá-lo a fazer coisas que não deveria fazer. Deveria resguardar-se desse escuro demoníaco. Levantou-se vagarosamente, tentando não arrastar a cadeira, e sem uma palavra encaminhou-se ao seu quarto e dos seus seis irmãos.

 

Não era necessário dizer nada. Estava tudo destinado a ser assim. Aliás, se dissesse algo, isso sim não seria agradável. Vestiu o pijama dessa semana, para depois a mãe lavá-lo e usá-lo e usar na semana após a outra.

 

Não lavou os dentes. Não era seu costume, se bem que o dentista o advertiu acerca disso.

 

Os lençóis davam uma sensação de frescura apaziguadora. Precisava disso. Tentou lembrar-se...Há quanto tempo tinha ido ao dentista? Não conseguiu lembrar-se, poderia ter sido ontem, ou há vinte anos atrás.

 

A verdade é que ele tinha 35 anos  e de nada disto se apercebia, a persistência das horas fazia com que tudo se tornasse igual, e monótono, nada que diferencia-se, nada que valesse a pena marcar a data poderia ser encontrado na sua vida. Só se lembrava do primeiro dia que ajudou o pai na terra. Ajudou, como quem diz, o pai observava-o a cavar a terra, como um menino que pela primeira vez despe uma rapariga, à pressa, com um nervoso miudinho de quem quer provar que é homem, quando apenas sente-se um miúdo que gostaria de voltar para debaixo das saias da mãe. A perna inexistente do pai ainda lhe fazia confusão na altura. Passados tantos anos, esse dia repetiu-se sempre. Todas as horas do dia sabia o que teria de fazer, o que iria acontecer. Efeitos da persistência das horas.

sinto-me: Féérias.....

14
Jul 08
publicado por Andi, às 16:43link do post | comentar | ver comentários (9)

"Façam uma carta para os vossos pais, escrevam o que lhes apetecer, mas têm de escrever um máximo de trinta linhas, e um mínimo de vinte."

 

Ordenou a professora, senhora do seu nariz arrebitado e pequeno. Os dedos sujos de pó de giz eram magros e aristocráticos, assim como ela. Limpou-os nas calças largas, e sacudiu-as com minúcia posteriormente.

 

Era professora há apenas dois anos e tinha-lhe calhado ficar ali, naquela serra encalhada, a morar numa casa onde nem tinha água, tinha de a ir buscar. Estava completamente saturada de dormir com os bichos, acordar com centopeias no seu quarto, de aturar os vizinhos sempre a perguntarem " A Senhora Professora precisa de algo?"... Só queria voltar a casa, ficar com os seus pais morar num sítio com algumas regras, disciplina, não ali onde tudo era desregrado, as acções submetidas ao capricho do coração e do livre arbítrio... Então as crianças, bem, nem queria pensar nisso...

 

Deixou-se cair na cadeira de carvalho velha e talhada das traquinices dos miúdos, estava a ficar desgastada daquele trabalho, daquele ambiente. Mas tinha de ter paciência, já faltava pouco tempo.

 

"Senhora Professora já acabei!"...

"E eu também!"...

"E eu"...

 

Aos poucos e poucos todos iam acabando a carta que a professora ordenara escrever. Já eram quase três horas, a escola estava a terminar por aquele dia. Foi mandando sair os alunos à medida que eles acabassem as cartas, havia de corrigi-las em casa.

 

 

Três horas. Só restava a Francisca, como sempre. Simplesmente, aquela rapariga não se conseguia despachar, parecia atrasada mentalmente!!

 

"Já está Francisca?"

"Ainda não."

 

Abeirou-se dela. Viu que já havia escrito uma folha inteira, o dobro do que ela tinha pedido de máximo.

 

"Não me ouviste a dizer que eram trinta linhas no máximo?"

"Ouvi, sim senhora professora."

"Então porque não fizeste só trinta?"

"Eu não consegui senhora professora, tinha tantas coisas para dizer, era tudo importante, se eu me esquecesse os meus pais ficavam tristes."

"Não podes fazer assim Francisca,  limites são limites, dizem-te até onde deves ir, se eu disse só trinta fazes só trinta, não interessa mais nada, escrevias menos, há sempre algo ou alguém que fica de fora, mas os limites são para se respeitar. Vá, toca a andar daqui."

 

 

 

O ar da serra penetrava-se em todos os poros da pele e parecia insuflar os miúdos que corriam, quase voavam pelo monte abaixo. Estava um dia solarengo, e o sol aquecia a terra, que exalava um odor quente e sensual, fazendo despertar nos animais reacções inesperadas.

 

Era dia de visita de estudo, a única no ano lectivo. Como era uma aldeia muito pequena, não podiam dar-se ao luxo de sair todos os trimestres, teria de ser daquela forma. Iriam à cidade ali ao pé, a um museu, e lá comeriam.

 

Um barulho rouco perturbou a calma e serenidade da serra, conjuntamente a um esfumaçar negro proveniente da camioneta que se avizinhava.

 

Era velha, pensou a professora, mas para sair dali por uma tarde, estava óptimo.

 

Encaminharam-se então, e após dez minutos de gritaria, lá conseguiu que todos se sentassem nos devidos lugares. Aos solavancos lá se dirigiram ao seu destino. Sensivelmente a meio da viagem a camioneta para. Repentinamente. O condutor sai. Pneu. Furado. Não existe outro.

 

Óptimo, pensou a professora e deixou-se afundar no assento de cabedal esfolado da carreira. O condutor teria de ir a pé à cidade buscar ajuda, ela ficaria ali a cuidar dos miúdos, mais uma vez...

 

Sentou-se. Mandou os alunos sentarem-se. Uma hora. Duas horas. Três horas. Um burburinho... Os alunos haviam juntando-se todos, encostando as suas cabeças miudinhas e curiosas.

 

"Que se passa aí?"

"Nada, senhora professora. Foi só a Francisca que está a partilhar o seu lanche connosco."

 

Francisca era a única que levava lanche, tinha alguns problemas de saúde, nada grave é certo, mas tinha de seguir a sua dieta rigorosamente.

 

A sua barriga estava já um pouco apertada. Não havia comido de manhã, com a pressa, e aquele calor provocava-lhe sede e sentia-se já meio zonza. Com certeza ela iria oferecer-lhe algo, era de bom tom, a mãe dela sempre o fazia, aquando as avaliações. Em passos miudinhos, e fazendo um barulho ritmado e suave, Francisca aproximou-se da professora.

 

E com tom inocente disse:

 

"Eu até dava à professora, mas não há mais, o limite foi ultrapassado, e não devemos ultrapassar limites."

 

Dito isto foi se sentar. Entretanto a professora agarrava-se ao estômago, tentando disfarçar a fome que tinha.

 

sinto-me: ilimitável

13
Jul 08
publicado por Andi, às 15:05link do post | comentar | ver comentários (11)

É verdade, aqui estou eu. De volta de uma viagem intergaláctica de poucos quilómetros, e simultaneamente de infinitos anos-luz. Convicções que se encontravam esbatidas e quase translúcidas na minha mente gasta e cansada tornaram-se mais espessas e profundas, afirmaram-se, outras realidades permitiram que me indagasse um pouco mais acerca da aleatoriedade da vida. Essa vilã e heroína, que actua à semelhança de uma roleta russa...

 

Poderia descrever tais pensamentos e ideias, mas não me apetece e não gosto de o fazer. Gosto de expor as minhas ideias ao dissimulá-las, camuflá-las, no que escrevo, e ao mesmo tempo não o fazer, porque o que escrevo são pedaços de nada, e assim também o são as minhas ideias.

 

Ideias... Lampejos de uma racionalidade não-existente, fictícia, que apenas demonstram a nossa fé infundamentada em certos aspectos. Abstractividade máxima, que por vezes desejava que fosse corpórea para melhor poder percebê-las, na sua forma, cor (?), sentido...

 

Sinestesia de pensamentos, sensações, e outros inomináveis nomes.

música: Unchain my heart - Ray Charles

04
Jul 08
publicado por Andi, às 20:19link do post | comentar | ver comentários (3)

Bem, para dar continuidade à excelente continuidade dos últimos posts, e também dar seguimento aos conteúdos extremamente eruditos, venho aqui despedir-me de vocês (não fiquem demasiado contentes, daqui a uma semana volto), pois vou estar uns diazitos fora de casa. É verdade, vou de férias para Palma de Maiorca (ou talvez um pouco mais perto, e um destino mais saloio, vá). E bem, que há para dizer? Nada. Talvez venha com mais disposição para escrever regularmente as minhas estorinhas, talvez depois dos exames. Por falar de exames adorei as notas do ministério enaltecendo as grandes subidas de média, dizendo que eram fruto do seu esforço (?), e desvalorizando as descidas das médias inventado desculpa esfarrapadas! Poder de invenção brilhante!

 

Falando de assuntos sérios, Ingrid Betancourt foi libertada. Finalmente boas notí­cias! 

 

 

E pronto. Deliciem-se com esta música. Até para a semana.

 

música: john frusciante-carvel

03
Jul 08
publicado por Andi, às 22:12link do post | comentar | ver comentários (8)

Os números costumam ser vazios. Opacos. Estatísticos, puramente. Contudo, as pessoas associam-lhe muitas coisas, desde a sorte, ou o azar, até à sua identificação... Não, não vou explicar nada pessoal, mesmo porque eu não quero que saibam, não quero que percebam aquilo que é incompreensível aos olhos das outras pessoas que não eu e tu. É irónico estar a falar de números, perdoa-me, mas sabes que gosto de te provocar...

 

Este valor intrínseco dos números não está neles mesmos, mas sim no que se passou. Em ti, em mim.Não vou aqui falar no que se passou. Não é necessário. Tu sabes. E se não souberes, depois relembro-te. Pode ser?

 

 

 

Because you have a secret, and you show it only to me. 

tags: , ,
sinto-me: ..... do i need to say?
música: Secret Smile

01
Jul 08
publicado por Andi, às 00:49link do post | comentar | ver comentários (7)
  1. Tenho 18 anos e compro sapatos ortopédicos.
  2. Fui ao médico e fartei-me de levar raspanetes por não tomar os medicamentos das alergias devidamente.
  3. Hoje de manhã acordei com os "mestres" a pintar a minha casa, a falar de futebol, da liga inglesa (?).

E mais um post desinteressante e deprimente para a conta!

sinto-me: happy:D

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