Does it make any sense?! No? So, welcome.
02
Fev 09
publicado por Andi, às 21:46link do post | comentar

Eu prometi que voltava. Nunca cheguei a partir, mas isso são pormenores ortográficos, literários, íntrinsecos das palavras. Tenho pensado no sentido das palavras, na sua importância, ou naquela que eu lhas confiro. Será demasiado? Será tudo demasiado pensado, prepositado, organizado para parecer o que eu quero. Manipulo-as demasiado? Pensei, e pensei e pensei. (Fui fazendo algumas coisas, não sou assim maníaca dessa forma). E eu acho que sim. Eu utilizo as palavras e não a história, não o seu conjunto, não o seu significado. Utilização egoísta e excêntrica. Exaustiva, por vezes. Palavras, palavras, palavras. Estou a descobrir que sou uma Monica Geller em termos de palavras (ver série Friends, se quiserem perceber algo que eu estou a dizer, tornem-se Friend's junkies, como eu!!).

 

 

Aqui fica algo para animar as almas amarguradas por testes e exames, libertem-se da (o)pressão.

música: Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan - Summertime
sinto-me: renewed

14
Jul 08
publicado por Andi, às 16:43link do post | comentar | ver comentários (9)

"Façam uma carta para os vossos pais, escrevam o que lhes apetecer, mas têm de escrever um máximo de trinta linhas, e um mínimo de vinte."

 

Ordenou a professora, senhora do seu nariz arrebitado e pequeno. Os dedos sujos de pó de giz eram magros e aristocráticos, assim como ela. Limpou-os nas calças largas, e sacudiu-as com minúcia posteriormente.

 

Era professora há apenas dois anos e tinha-lhe calhado ficar ali, naquela serra encalhada, a morar numa casa onde nem tinha água, tinha de a ir buscar. Estava completamente saturada de dormir com os bichos, acordar com centopeias no seu quarto, de aturar os vizinhos sempre a perguntarem " A Senhora Professora precisa de algo?"... Só queria voltar a casa, ficar com os seus pais morar num sítio com algumas regras, disciplina, não ali onde tudo era desregrado, as acções submetidas ao capricho do coração e do livre arbítrio... Então as crianças, bem, nem queria pensar nisso...

 

Deixou-se cair na cadeira de carvalho velha e talhada das traquinices dos miúdos, estava a ficar desgastada daquele trabalho, daquele ambiente. Mas tinha de ter paciência, já faltava pouco tempo.

 

"Senhora Professora já acabei!"...

"E eu também!"...

"E eu"...

 

Aos poucos e poucos todos iam acabando a carta que a professora ordenara escrever. Já eram quase três horas, a escola estava a terminar por aquele dia. Foi mandando sair os alunos à medida que eles acabassem as cartas, havia de corrigi-las em casa.

 

 

Três horas. Só restava a Francisca, como sempre. Simplesmente, aquela rapariga não se conseguia despachar, parecia atrasada mentalmente!!

 

"Já está Francisca?"

"Ainda não."

 

Abeirou-se dela. Viu que já havia escrito uma folha inteira, o dobro do que ela tinha pedido de máximo.

 

"Não me ouviste a dizer que eram trinta linhas no máximo?"

"Ouvi, sim senhora professora."

"Então porque não fizeste só trinta?"

"Eu não consegui senhora professora, tinha tantas coisas para dizer, era tudo importante, se eu me esquecesse os meus pais ficavam tristes."

"Não podes fazer assim Francisca,  limites são limites, dizem-te até onde deves ir, se eu disse só trinta fazes só trinta, não interessa mais nada, escrevias menos, há sempre algo ou alguém que fica de fora, mas os limites são para se respeitar. Vá, toca a andar daqui."

 

 

 

O ar da serra penetrava-se em todos os poros da pele e parecia insuflar os miúdos que corriam, quase voavam pelo monte abaixo. Estava um dia solarengo, e o sol aquecia a terra, que exalava um odor quente e sensual, fazendo despertar nos animais reacções inesperadas.

 

Era dia de visita de estudo, a única no ano lectivo. Como era uma aldeia muito pequena, não podiam dar-se ao luxo de sair todos os trimestres, teria de ser daquela forma. Iriam à cidade ali ao pé, a um museu, e lá comeriam.

 

Um barulho rouco perturbou a calma e serenidade da serra, conjuntamente a um esfumaçar negro proveniente da camioneta que se avizinhava.

 

Era velha, pensou a professora, mas para sair dali por uma tarde, estava óptimo.

 

Encaminharam-se então, e após dez minutos de gritaria, lá conseguiu que todos se sentassem nos devidos lugares. Aos solavancos lá se dirigiram ao seu destino. Sensivelmente a meio da viagem a camioneta para. Repentinamente. O condutor sai. Pneu. Furado. Não existe outro.

 

Óptimo, pensou a professora e deixou-se afundar no assento de cabedal esfolado da carreira. O condutor teria de ir a pé à cidade buscar ajuda, ela ficaria ali a cuidar dos miúdos, mais uma vez...

 

Sentou-se. Mandou os alunos sentarem-se. Uma hora. Duas horas. Três horas. Um burburinho... Os alunos haviam juntando-se todos, encostando as suas cabeças miudinhas e curiosas.

 

"Que se passa aí?"

"Nada, senhora professora. Foi só a Francisca que está a partilhar o seu lanche connosco."

 

Francisca era a única que levava lanche, tinha alguns problemas de saúde, nada grave é certo, mas tinha de seguir a sua dieta rigorosamente.

 

A sua barriga estava já um pouco apertada. Não havia comido de manhã, com a pressa, e aquele calor provocava-lhe sede e sentia-se já meio zonza. Com certeza ela iria oferecer-lhe algo, era de bom tom, a mãe dela sempre o fazia, aquando as avaliações. Em passos miudinhos, e fazendo um barulho ritmado e suave, Francisca aproximou-se da professora.

 

E com tom inocente disse:

 

"Eu até dava à professora, mas não há mais, o limite foi ultrapassado, e não devemos ultrapassar limites."

 

Dito isto foi se sentar. Entretanto a professora agarrava-se ao estômago, tentando disfarçar a fome que tinha.

 

sinto-me: ilimitável

04
Jun 08
publicado por Andi, às 21:12link do post | comentar

Ser ilhéu tem destas coisas... Na minha rica purfeita escola existe um cartaz acerca de uns projectos de ciências durante as férias, para os alunos. Eu, parva e curiosa como sou, decidi ver o que aquilo era. Achei interessante até, até agora. Sinceramente, até parece gozo... Só existem desses projectos no continente e na Madeira. Açores? Nicles. Também somos só uns pacóvios que gostam de touros e de criar gado... Há com cada coisa, e depois ainda o raio do conselho executivo autoriza andarem a por cartazes desses, para quê? Ninguém nos vai pagar passagem para uma semana... Acéfalos! Devem achar muito giro o cartaz todo colorido e dinâmico, a dar aparência de uma escola moderna que faz tudo pelos alunos... E como esta situação existem muitas... Há dias em que isto me tira do sério...

 Eu até mostrava o cartaz odioso, mas não há a mínima pachorra de o ver de novo...

 

sinto-me: irritada

30
Abr 08
publicado por Andi, às 21:38link do post | comentar

...de números, letras aleatórias, hieróglifos , símbolos inventados, escrita runa (...) já tudo me parece igual, apenas uma espécie de gatafunhos incompreensíveis que perpassam pelos meus olhos que tentam registar o que vêm, mas não o conseguem, pois tudo o que havia em mim que conseguia ter uma linha de pensamento racional, foi-se. Chegou finalmente a irracionalidade pura e simples, como se até agora ela estivesse misturada com impurezas e eu apenas a decantei. Eu ou os outros, sim os outros, que me obrigam a trabalhar incessantemente, a caminhar para um destino inexistente, quiçá o sistema me obriga.

Por isso não tenho escrito, tenho andado atulhada com treta até ao pescoço, não consigo escrever nada decentemente, tenho a minha história ainda no início, mas meus caros, mais tarde, mais tarde, mais tarde... Daqui a uns dois meses  vou poder recuperar da maravilha que é o desgaste que os exames e a escola, e a porcaria de trabalhos inúteis são, até lá, vou tentar actualizar o blog, mas sem prometer escrever qualquer coisa decente.

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música: neste momento nem ouço
sinto-me: esgotada

17
Nov 07
publicado por Andi, às 19:43link do post | comentar

... de trabalhos, e mais trabalhos, pesquisar, resumir, passar, arghh. Preciso de uns dias sem fazer nada. E como tenho andado ocupada, escrever muito no blog na me tem apetecido. Ao menos, sempre ponho uns vídeos, engraçados, diga-se.... Como este.

 

sinto-me: farta

10
Set 07
publicado por Andi, às 16:11link do post | comentar

É verdade, as férias (?!) acabam hoje para mim. É altura de voltar à escola. E não pensem que estou triste ou contrariada com este começo de aulas. Não. Há muito que esperava por isso. Estas férias foram demasiado longas, demasiado estranhas e aborrecidas, até para mim!

 

Portanto estou com vontade de regressar a esse rebuliço que nunca me tirou muito o juizo, e de que sempre gostei. Estou apenas a tentar afugentar esta preguiça que me impede de levantar antes do sol já estar bem alto no horizonte, e de fazer o que quer que seja ao longo do dia.

 

Sinto-me optimista e nem um pouco preocupada. Chamem-me tola, mas é assim que me sinto.

 

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música: Shadows and Regrets - Yellowcard
sinto-me: contente

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