Does it make any sense?! No? So, welcome.
27
Jan 08
publicado por Andi, às 16:35link do post | comentar | ver comentários (4)

Acordou com uma carícia húmida do primeiro pingo de chuva que caía do céu já não tão claro, como de manhã, o sol já havia passado, e encontrava-se mergulhado no horizonte, o céu tinha uma tonalidade esquisita, de um azul desmaiado, rosa claro, e cor de fogo. A nuvens adquiriam formatos esquisitos, contudo divertidos. Sabia que seria uma questão de instantes até o céu se fechar numa careta e fazer desaparecer as nuvens feitas de algodão e as cores para se transformar num véu preto. Era um instante fugaz, precioso e irrepetível, e, portanto, decidiu aproveitá-lo.

 

Durou uns escassos segundos a previsão que ela fizera, conhecia bem o céu daquele lugar, sabia-lhe os caprichos e as manias. Continuava a chover, e ela, lentamente se levantou. Estava dorida, doíam-lhe as pernas, as coxas,os pés, os braços, o nariz... Tinha o corpo dormente, mas a chuva que caía miúdinha servia para acordar, lentamente, cada bocadinho de si. Sentir a chuva a cair na sua pele, gota por gota, devagarinho, foi acordando-a do torpor em que se encontrava.

 

Inspirou profundamente, tentando organizar os acontecimentos recentes, e tentando decidir o que faria a seguir, pois estava sem lugar para onde ir, não tinha ninguém a quem recorrer... Estava só.

 

A chuva miúdinha penetrava na terra, misturando-se com esta, consumindo as saudades, e a terrra virgem exalava um odor húmido. Fantasia conseguiu diferenciá-lo quando inspirou durante alguns instantes. Conseguia associar perfeitamente o cheiro àquele lugar, memorizou-o. Gostava dele.

 

A chuva ia caindo com mais intensidade, como se a terra chamasse por ela, pedisse por mais. Deu por si a pensar nessa situação. Ninguém a queria chamar, ninguém esperava pela sua presença, não era a primeira vez que esse pensamento surgia na sua mente. Desde que se lembra que estava sozinha, simplesmente isso não ia mudar agora. Se bem, que no seu

íntimo, ela desejasse que houvesse alguém que esperasse a sua visita, não certa, mas a esperasse, se preparasse para ela, sem nada apenas com esperança.

 

As gotas grossas de chuva que embatiam nas copas frondosas das ávores verdes que ali se encontravam, iam molhando-a, o seu cabelo já se encontrava castanho escuro, por estar molhado, a roupa amarela da Instituição colava-se ao seu corppo, já de mulher, e os pés, começavam a ficar com lama. Lama e sangue. Descalços, tinham algumas feridas que tinham resultado da sua fuga da Instituição.

 

Fuga!! Finalmente tinha escapado. E agora que se encontrava livre tinha tantas opções, que nem sabia por onde iria... Decidiu que seria melhor sair dali, caso não se desse a situação de a irem procurar ali. Pedro vira-a, e ela podia jurar que ele a teria denúnciado mal chegasse à Instituição. Como ele a irritava! Com aquele ar arrogante, de sabe-tudo, e ao mesmo tempo, de distanciamento, de egoísmo, que irritavam igualmente Fantasia.

 

Seguiu lentamente um trilho que havia na mata, tentando absorver tudo o que havia à sua volta, gostaria de ser não uma viajante naquele lugar, mas sim parte do mesmo lugar, poder conhecer as plantas e os animais que por ali se encontravam escondidos ao pormenor, saber-lhes os movimentos, as expressões.... Ia tocando nos troncos velhos e rugosos das árvores, como se tratasse da palma da mão de álguem velho, que se tornara sábio através do labor da vida, um avô talvez... A noite estava escura, apenas vagamente iluminada pela lua em quarto crescente. E Fantasia foi vagueando pela mata.

 

*

Encontrava-se na praia, já estaria a caminhar há muito tempo, pois agora que parara para poder vislumbrar de novo o pôr do sol, como no dia anterior o fizera na mata, os pés doíam-lhe e as feridas ardiam. Mas, enquanto pudesse ter esses momentos de êxtase ao observar tais maravilhas, pouco lhe importava. Ver o mar outra vez, numa tonalidade azul-esverdeada, com laivos de branco da espuma, que ia e vinha uma vez mais molhar a areia, esta que perdoava as brincadeiras daquele menino maroto, consentindo  a sua volta e ida, uma e outra vez.  Avançou, lentamente, enterrando os pés na areia, sentindo os golpes queixarem-se daquele contacto indesejável. Mas foi avançando.  Fria! A água encontrava-se fria. Gostava da sensação que isso lhe transmitia, e foi passando a mão lentamente à superfície da água, como se fosse um animal qualquer à espera de festinhas. A água dava-lhe pela cintura. Nunca antes tinha estado daquela forma no mar, também nunca tinha estado livre como agora... Sentia vontade de se deitar, de descansar, nas não queria abandonar o mar, será que este se importasse que ela se deitasse ali, com ele? Lhe desse a mão e fechasse os olhos, só por um pouquinho?! Enquanto tentava tomar uma decisão, ouviu alguém chamar por si. Virou-se para trás, momentaneamente desperta dos seus devaneios, e viu-o. José, o pescador, esbracejando na praia, como um louco. Não percebia a razão daquele momento de ansiedade. José era um homem do mar, um homem que aprendera a ser paciente face aos caprichos do mar...

 

Chegou ao pé dela, mal podendo respirar, e por entre dois suspiros mais profundos apontou-lhe a sua casa, que ficava a pouca distância da praia. Fantasia não sabia como interpretar aquilo, sentiu-se confusa, cansada e com fome, mas por fim, lá acabou por aceitar o convite, afinal de contas, José era o único em quem podia confiar.

 

Ainda conseguindo ouvir o respirar pesado de José, e já podendo antever alguns pormenores da casa caiada de branco do simples pescador que ficava já a uns meros dez metros, Fantasia reconheceu também uma silhueta que a fez estremecer. Pedro estava ali!

 

Por momentos sentiu-se paralisar, a roupa encharcada, tornara-se pesada, e os pés não respondiam ao que queria... Tinha de sair dali depressa, tinha de conseguir escapar, não fugira da Instituição para ser apanhada daquela forma! Conseguindo,então mover-se, Fantasia conseguiu recuar uns passos, e virar-se, e então, inesperadamente, como algo tivesse accionado na sua mente, alertando-a do verdadeiro perigo, desatou a correr pela praia. José, a quem a reacção repentina de Fantasia não tinha passado desapercebida, agiu também, agarrando-a , antes que ela pudesse, efectivamente fugir.

 

O braço apertou-a, fazendo-a lembrar de Alberto, recordações essas que tentava afastar para um canto recôndito da sua memória, mas que agora ganhavam vivacidade, como se estivessem a ocorrer novamente naquela altura.

"Não vais a lado nenhum."

Disse calmamente o pescador, como se aquilo já fora predestinado antes, decidido sem o consentimento dela.

 

Com os olhos marejados de lágrimas, conseguiu ver Pedro avançando na sua direcção, certamente ostentando um sorriso de vitória e orgulho. Mas não conseguia afirmar com toda a certeza, estava prestes de rebentar de raiva e frustração!!! Como pudera ser tão ingénua a ponto de confiar em alguém que não conhecia, apetecia-lhe bater nele, fazê-lo sentir o mesmo jorro de sangue quente que ela sentira quando Alberto lhe batera, ele não podia devolvê-la à Instituição, morreria se para lá voltasse, ainda que o seu corpo se mantivesse vivo.

 

Pensamentos como este perpassavam-lhe a mente, cada vez mais depressa, aumentando num ritmo alucinante a sua raiva e dor. Sentia a cabeça a latejar, e faltavam-lhe as forças...Pôde ainda ver o sol levantar-se sobre o mar, e iluminar tenuamente a paisagem, antes de cair desmaiada no chão.

 

 

sinto-me: dormente

17
Jan 08
publicado por Andi, às 21:42link do post | comentar | ver comentários (7)

Os seus passos eram decididos, pé após pé, calcorreando o chão  branco sujo da cozinha, estava bastante nervosa, não sabia se o que iria fazer ia resultar... Respirou e aproximou-se da mesa, onde Alberto se apoiava, com as mãos. Começava a ficar branco como a cal. Isso deu coragem a Fantasia.

 

Já mais perto de Alberto, a sua respiração intensificou-se, bem como o seu batimento cardíaco se acelerou,  conseguia ouvir o seu próprio coração, conseguia ouvir-se... Gostava disso,sentia-se mais ela própria.

 

Alberto, completamente atónito com aquela reacção estranha da rapariga,  afastou-se da cadeira, não fosse o diabo tecê-las!

 

Não paravam os passos. Avançava destemidamente, o som dos seus passos ecoavam na cozinha, não havia outro barulho para além desse e do seu bater do coração, pequeno como ela o imaginava, contudo tão forte e resistente que poderia bater ainda mais forte. Os passos. Boom-boom-boom. Já a um metro de Alberto, soube que era agora ou nunca, tinha que se apressar!

 

Então, correu para a porta de saída que estava trancada e cuja a fechadura antiga só tem duas chaves que a possam abrir, uma que Arminda tem sempre em sua posse, e outra, que costuma estar na gaveta de um dos armários da cozinha e que,agora, Fantasia segurava entre as suas mãos trémulas e suadas. Não conseguiu abrir à primeira, mas após a segunda tentativa,lá conseguiu pôr a chave na fechadura. Abriu apressadamente, depois do clique, que numa outra altura lhe teria dado um especial prazer, pois adorava esse tipo de coisas antigas, transmitiam-lhe uma sensação de paragem no tempo, de imutabilidade, de segurança, que o tempo não passava, e assim tinha tempo para tudo... Mas não agora, agora não tinha tempo, tinha que sair dali!

 

 

Conseguia já ver a parte de trás da Instituição,bem mais maltratada que a frente,embora essa já o fosse bastante, aquela parte da casa era totalmente selvagem, as ervas daninhas despontavam em qualquer sítio, cismando em crescer caprichosamente, as dedaleiras pendiam do coberto que lá existia, poucas pessoas iam para ali, pensando que aquele lugar provavelmente era demasiado sinistro e sombrio para se estar. Mas Fantasia gostava, nem que fosse para estar sozinha. O verde que de dia, se mostrava claro e resplandecente, àquela hora era escuro e obscuro, contudo Fantasia conseguia antever como aquele local ganharia vida com o subir do sol no horizonte, ah, como queria ficar ali deitada para poder observar esse momento, saborear o que para muitos era banal, e que, se calhar por isso mesmo, se mostrava tão cheio de maravilha para ela.

 

Passa a porta. O seu pé direito pisa a terra das traseiras, que está cheia de ervas daninhas. Estão molhadas. Sabe bem. O outro pé acompanha. O ritmo sempre acelerado. Sente que tem um tambor e não um coração, como na procissão que viram o ano passado, a que foram obrigados a vestir a farda para os dias especiais, e que conseguia ser mais odiosa que a comum, claro que tinha sido Arminda que tinha tido tal estupenda ideia.

 

Vira o tronco para poder fechar a porta. A mão! Agarra-a. Com força! E trá-la de volta para a cozinha.

 

"Onde pensas que vais?! Tu não vais a lado nenhum, vais ficar aqui a limpar o sangue no chão e vais me fazer a porra do pequeno-almoço e depois vais ficar comigo o resto dos dias comigo, pelo menos enquanto eu permanecer aqui!! E depois, irás seguir as ordens de Arminda." O seu olhar tornara-se mais estreito,incidia sobre ela apenas, o seu sangue espalhava-se um pouco sobre o pijama dele.

 

Tentou soltar-se, esperneou e tentou dar pontapés, mas não queria fazer barulho, porque sabia que se o fizesse, não teria oportunidade de fugir como pretendia.

 

Mas não o conseguia fazer, sem fazer barulho. Então numa última tentativa, deu-lhe uma dentada na mão que a segurava, com força, fincou os dentes na mão dele, bem fundo.Tão fundo que Alberto soltou um uivo de dor, mas não daqueles finos, mas sim uma voz gutural que ecoava na cozinha branca, e que vinha da sua boca imunda.

"Filha de uma puta! Vais pagar-mas por esta,e bem caro!" Vociferava Alberto, enquanto a agarrava com as duas mãos, uma delas já a sangrar e com os dentes de Fantasia marcados.  Então, tentou aproximá-la de si, olhava-a com um ar lascivo, cheio de um desejo ambíguo, um desejo de querer mostrar de que ele era quem mandava ali! 

 

Fantasia, debatia-se cada vez mais, mas não podia concorrer em força física com Alberto, ele era muito mais velho e corpolento que ela, mas não se iria deixar dobrar, não perante ele. Não percebia o que ele lhe queria fazer...

 

Alberto começou a beijá-la violentamente no pescoço, de uma forma tão agressiva, que Fantasia cada vez mais se sentia assustada. Nunca tinha sido vítima de um acto tal, uma coisa era Arminda que media forças com ela, que apresentava um especial prazer em apoquentá-la.

Parecia que ia explodir, já sentia a cabeça a rodar, mas não não podia deixá-lo ali a fazer-lhe o que lhe parecia uma perfeita nojice...

 

"ALBERTO!!" Gritou Arminda. Encontrava-se à porta da cozinha, agarrada à bengala centenária, que por algumas vezes tinha servido para dar umas lições a Fantasia, pois acordara sobressaltada com os gritos.

 

Estupefacta, só conseguia abrir e fechar a boca repetidamente.Não conseguia perceber aquele cenário. Alberto a tentar abusar de Fantasia, o sangue dos dois, espalhados pela roupa, a fúria da rapariga. Aliás, percebia, só não queria acreditar.

 

Alberto também só conseguia balbuciar umas desculpas esfarrapadas em como tinha sido Fantasia que o tinha atacado e obrigado a fazer aquilo.

 

No corredor surgiam mais pessoas.

 

Fantasia viu mais uma oportunidade para fugir, e saiu dali a correr o mais depressa que podia, ainda com o coração a bater alucinadamente, a respiração ofegante, descalça, com as roupas cobertas por sangue e mesmo a cara, devido à queda que teve na cozinha. Mas nada lhe magoava, só queria sair dali, seja para que lugar for.

 

Ainda na cozinha, Alberto tentava explicar a Arminda que fora a rapariga que o tinha atacado e provocado e ainda, falto ao respeito de uma forma muito grave. Contudo,não se quis alongar mais, e partia já para a porta das traseiras quando Arminha lhe barra o caminho.

 

"Que estás a fazer,mulher?"

"Não vais atrás dela."

"Mas assim ela vai fugir, e a culpa será tua!!"

"Se ela voltar, tu serás o culpado do seu estado, acredita que é melhor para todos assim, deixa-a ir, senão conto o que há entre nós a toda a gente!!!"

 

A cara de Alberto transfigura-se totalmente, apresenta um ar culpado, e ele recua um passo.

 

"Bem me parecia, a tua sorte é o director estar fora este fim-de-semana."

Afirmou Arminda, que virou para dentro da cozinha e que passou a arrumar metodicamente, como sempre o fazia.

 

Alberto também foi para dentro, para o seu quarto.

 

 

Fantasia corria, não conseguia pensar em nada, nem imaginar no que estava a acontecer na Instituição naquele momento,já se encontrava a atravessar o jardim. Viu um vulto lá, mas como ia tão perdida de tudo, nem o conseguiu identificar. Era Pedro. Também corria pelo jardim. De pijamas, com o cabelo castanho ao vento, e chamava por ela.

 

"Ei, Fantasia, espera, quero ir contigo, deixa-me ajudar-te!!"

 

Mas Fantasia não parou,nem olhou para trás, não o podia fazer, tinha que continuar,não sabia se lhe restavam forças suficientes para sair dali uma vez por todas.

 

Saltou o muro da Instituição. Estava fora!! Que alegria irradiava, alegria que atenuava o cansaço, o medo que sentia, mas sentiu que devia continuar, tinha de ter a certeza que escapara. Dirigiu-se para a mata que se encontrava ali perto, Pedro sempre no seu encalço, corria bem ele. Mas apesar de estar calçado, e Fantasia não, ela conhecia bem aquela mata, e ele não e portanto não pode prosseguir.

 

 

*

 

Depois de estar no coração daquela pequena mata, cheia de flores silvestres e arbustos, e ainda arvores centenárias,que exalava um odor antigo, onde havia serenidade e tranquilidade, e não havia pressa, nem medo, nem regras senão as da Natureza, Fantasia deixou-se cair no chão e ficou ali horas a disfrutar a passagem do sol pelo horizonte, por entre as ramagens volumosas das árvores mais altas, tal como tinha pensado de manhã, e pensou como aquilo era bonito, e fechou os olhos.

 


Nota: Para quem pensa que isto é um fim de Fantasia, desengane-se,não é. Ainda. Quando for aviso, se é que tem alguma importância.
sinto-me: bem :D
música: I'll wait there for you - Civilian

15
Jan 08
publicado por Andi, às 19:05link do post | comentar

O país está mal, a crise, o governo, os preços aumentam, o Gato Fedorento que vai estar de férias agora uns bons meses... Todos nós sabemos isso. E não esperamos, pelo menos a maioria de a situação melhorar brevemente, assim num clique como se de magia se tratasse. Falo de Portugal em geral. Agora, se passarmos isso para o contexto açoreano, a situação torna-se pior. Eu acho que chega a tornar-se tão rídicula, que só me dá vontade de rir!!

 

Não me levem a mal, eu não gosto de me fazer de vítima, nem de ver discriminação em tudo, aliás porque não existem motivos para tal, somos tão portugueses, tão capazes de algo como qualquer continental. Mas a verdade é que, uma vez mais a insularidade limita-nos.

 

Tomemos o caso da saúde, do sistema de saúde. Se este já é bastante mau em todo o país, porque temos de esperar tempo e tempo e tempo,para depois sermos atendidos durante cinco minutos, pior é quando temos de viajar fora da ilha para fazer simples operações ou exames. Mas acho que a isso até estamos habituados, dado que isso já dura há muito. Agora o que eu não sabia era que em algumas ilhas da região existem certos exames que deviam ser dados, e não o são... Exemplo das mamografias, não são dadas pelo centro de saúde, tem que se recorrer a um consultorio qualquer e pagar uma chapoeirada (expressão que a minha mãe utiliza para dizer que é muito caro, e que até eu acho piada) para isso. O mais interessante a retirar disso tudo é que o centro de saúde só oferece as mamografias a quem já tem cancro da mama!! Honestamente,isto é do mais ridículo que já vi. E como esta, existem muitas outras situações.

 

Pois é, quem não tem nada relevante para fazer, quer dizer tem, mas não tem pachorra para nada, faz estes posts assim do nada!!

 

PS. Se eu encontro o gajo que decidiu que era muito giro os alunos fazerem um exame a contar para a nota a meio do ano... Páh, aguentem-me! :@

sinto-me: farta

03
Jan 08
publicado por Andi, às 23:12link do post | comentar | ver comentários (6)

Eu sei, tenho andado desaparecida.... Trabalho, preguiça, falta de pachorra, distracções, preguiça, preguiça e preguiça. Não gosto de ser preguiçosa, mas às vezes acontece... Bem, para aquelas pessoas que me chatearam vezes sem conta por um episódio novo de Fantasia, já saiu! :D

Sim... São muitas as pessoas que me pedem... Milhares delas, completamente dependentes desta que é uma história entre milhões que existe online...

Basta de divagações, ou então partindo para uma divagação menos vaga, espero que as pessoas que até me pagaram para eu escrever estas brilhantes frases gostem do novo episódio.


publicado por Andi, às 22:45link do post | comentar | ver comentários (4)

Os seguintes segundos desvaneceram-se da sua memória, pois havia apenas olhado, boquiaberta para Alberto. Aquela situação era estranha, que fazia ele àquela hora ali, na cozinha? Ele deveria-se perguntar o mesmo sobre ela. Estava de pijamas, desgrenhado, mas completamente desperto.

 

Fantasia pousa a taça na bancada, e prepara-se para sair da cozinha. Contudo, não o conseguiu fazer porque ele a interpelou:

"Para onde vais?"

Ela revirou os olhos, mostrando-lhe que não lhe devia explicações. Apercebendo-se da atitude de rebeldia e atrevimento, que aquele olhar lhe pareceu, tornou a repetir, desta vez com uma voz mais grossa, mais :

"Para onde vais?"

Obstinada e determinada como era, Fantasia repetiu o olhar, desta vez evidenciando mais a sua resposta.

"Primeiro vais-me servir o pequeno-almoço, que tenho fome!"

Tornou Alberto com uma voz de comando, a que Fantasia reagiu com uma espécie de grasnido.

 

Estaria a ouvir bem? E mesmo que estivesse a ouvir bem, estaria Alberto a falar a sério? Quereria mesmo ele que ela lhe servisse o pequeno-almoço, enquanto ele descansava aquele corpo enorme e disforme nas cadeiras brancas da cozinha? Não a conheceria já minimamente para saber que ela não se regia pelas ordens de ninguém, muito menos dele, que a desiludira tão profundamente?

 

Enquanto Fantasia perdia-se nestes pensamentos, mostrando, por isso mesmo, um ar perdido, Alberto que já começava a ficar com muita fome, demasiada para seu gosto resolveu repetir a ordem, para o caso daquela retardada ainda não o ter ouvido:

"Não ouviste? Anda lá, que estou com fome!"

 

Apercebendo-se que, realmente, Alberto estava a falar ao sério, Fantasia recusou-se de uma forma tão evidente, que Alberto começava já a perder as estribeiras. Já havera se sentado na cadeira branca, que tinha rangido ligeiramente pelo seu peso, e agora, perante tal afronta, levantou-se de rompante, fazendo a cadeira virar perante a sua fúria. O seu vulto tornou-se, então enorme, e o cabelo cinzento, desgrenhado, e ligeiramente comprido contribui para lhe dar um ar mais assustador e sinistro. Avançou na direcção de Fantasia com uma determinação inabalável, já estava farto daquela pirralha que pensava que podia fazer tudo o que quisesse!

 

Então, com uma das suas mãos grandes e guedelhudas agarrou parte dos cabelos castanhos e compridos de Fantasia, e com o joelho deu-lhe uma violenta pancada na cara.

 

Sangue. Um jorro quente de sangue esguichou do seu nariz, escorrendo lentamente pela cara dela, fazendo uma espécie de curso, até à boca. Estava um pouco desnorteada. Sentiu sangue na boca e levou a mão à boca, ainda recuperando do choque. O nariz, na altura não lhe estava a doer, mas sentiu uma dor imensa, algo havia despertado nela, uma raiva e ao mesmo tempo pena por aquele homem que estava à sua frente. Que desprezível ser... Sentia ganas de o abanar, de o atirar contra as paredes, de o fazer experimentar o mesmo sabor quente do sangue, queria fazê-lo sentir indefeso, queria que ele soubesse o que era ser humilhado, queria...

 

Não. Não iria fazer nada disso, já decidira o que fazer, algo muito mais eficiente que isso. Tentou levantar-se. Uma mão no chão, uma mão na anca que estava magoada devido à queda que dera no chão, o uniforme sujo, o fio de sangue que pendia, o chão sujo, e ele, ali a rir-se na sua cara.

 

"Agora vai saber como obedecer-me e obedecer a Arminda, e a não se meter com os colegas!" Pensou Alberto, ainda com fome, convicto que Fantasia decerto lhe prepararia agora o pequeno-almoço. Em passadas largas, dirigiu-se para a cadeira que derrubara anteriormente, endireitou-a e sentou-se. Passou a mão pelo cabelo grisalho e tentou compô-lo.

 

Já de pé, Fantasia dirigia-se na direcção da gaveta onde se arrumava os talheres, os saca-rolhas, as facas, algumas chaves velhas, e pequenos objectos metálicos que aparentemente não tinham função alguma, mas que um dia, na opinião de Arminda iriam servir algum dia para algo.

 

"Preparas-me então o pequeno-almoço?"

Inquiriu Alberto. Fantasia acenou que sim com a cabeça. O sorriso de triunfo bailava nos lábios de Alberto, o que ainda provocou mais Fantasia. Fingindo então que iria preparar o pão, Fantasia abriu a dita gaveta, retirou de lá o que queria e decidiu fazer o que havera pensado.

 

O sol começava já a entrar na cozinha com uma vivacidade tal que não tardaria estaria toda a gente acordada...

 

Com os olhos semi-cerrados por causa da luz que entrava abundantemente pela janela, Alberto viu Fantasia avançar na sua direcção e percebeu que ela não iria de forma alguma preparar-lhe o pequeno-almoço....

sinto-me: gostava de poder dizer...

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