Does it make any sense?! No? So, welcome.
30
Mai 08
publicado por Andi, às 20:05link do post | comentar | ver comentários (4)

É verdade. Eu estive lá!! No último dia de três, é certo, mas a tempo. Uma curta-metragem e uma longa, para ser sincera preferi a curta, embora a longa estivesse bastante bem, era demasiado tempo pelo seu conteúdo. Acho que me fartei um pouco de ver galhos a mexer, e as suas sombras um pouco tenebrosas em papel de parede de século passado. A longa metragem tinha por nome "Trem de sombras", quem viu há-de se lembrar do filme, agora o outro, hmm, não me lembro. Não interessa, adiante. O interessante (?) é que lá estava a tv, Açores claro, e que por amabilidade decidiu mostrar a minha carinha laroca e de mais alguns para o povo ilhéu, que simpático! Também duvido que alguém tenha visto aquilo, é uma espécie de mini programa, pelo que percebo, só dura cinco minutos (?). E pronto, dentro desses cinco minutos, tenho lá os meus dez segundos de glória. Aposto que não adivinham quem eu sou!!

 

 

 

PS. Hélder, Jossy e JP isso não conta para vocês!!

música: none
sinto-me: vip, ou não...

25
Mai 08
publicado por Andi, às 20:17link do post | comentar

Nada do que faço é útil. Estou preso a uma corrente inquebrável, insustentável e, no entanto, ela não existe. Mas eu sinto-a, arrasta-se atrás de mim, faz-me andar devagar, melhor não faz  andar. Maldita! Eu poderia livrar-me dela, eu podia fazê-la apodrecer nos meus pensamentos ácidos. Eu podia....

 

De repente as paredes já não têm o seu tamanho normal. Encolheram. Não consigo respirar, já quase nem consigo ver o ecrã. Sou um escritor quarentão falhado e deprimido, e com crises de claustrofobia...

 

 

"Querida vou dar um passeio, vou à rua."

"Bom, faz isso, eu fico aqui em casa a fazer o jantar."

sinto-me: ...
música: Radiohead - Thinking about you

21
Mai 08
publicado por Andi, às 19:33link do post | comentar

Compras! Whatelse? Para além da treta de andar a perguntar por aquilo que queremos, e de não encontras alguém, ou ser constantemente assaltado pelas empregadas a interrogam-nos se queremos algo, ou também da claustrofobia que provoca estar numa loja repleta de pessoas histéricas e àvidas por comprar uns trapinhos, uma coisa que realmente me incomoda nas lojas de roupa é a música excessivamente alta, deprimente e que chega a ser alucinogénea. Tenho dito.

música: none, please!
sinto-me: cansadiiiiiiiiissima

17
Mai 08
publicado por Andi, às 21:27link do post | comentar

Ultimamente tenho ouvido Silence4. Já tinha saudades de ouvir.  Não consigo escrever mais nada minimamente decente, por isso aqui fica a música, a tua música...

música: Only pain is real - Silence4
sinto-me: cansadita

14
Mai 08
publicado por Andi, às 20:29link do post | comentar | ver comentários (2)

Atirou-se  de um penhasco. No céu não se suicidavam, nem havia esse conceito. Mas ele fê-lo. Atormentavam-no. No céu!!! Tão bonito era o céu, cheio de flores, de pseudonarcisos, enormes e amarelos que exalavam um cheiro esquisito, e que supostamente, era bom, mas ele não gostava.

 

Teve morte instantânea. O sangue vermelho vivo e líquido escorria-lhe das entranhas para os orifícios, uma espécie de tubos que se alargavam, e que faziam o contacto entre a terra e o céu. Misturou-se na atmosfera. E fez-se chuva. Chuva vermelha. Chuva de sangue. Sangue de chuva.

 

Cá em baixo, no mundo terreno e sem interesse, ela se encontrava já preparada para a chuva, segurando na mão um guarda-chuva. As gotas translúcidas de sangue escorriam pelo guarda-chuva, e respingavam os seus pés. Ela não era ninguém. Não tinha rosto nem expressão. Era preciso?! Era apenas uma ela.

 

Continuou, ela na sua caminhada. E foi atingida por um raio. Um raio, que poderia ser de sol, um maroto, um curioso, que quisesse sentir alguém intensamente. Neste caso, ela. No entanto, ela morreu, mas continuou viva, e continuou.

 

Foi julgada pelos seus modos considerados hereges, que nada mais eram do que uma visão ingénua e puritana das coisas, e foi enforcada. Morreu, mas continuou. E conheceu um ele, um outro ele. E ficou grávida. Ele abandonou-a, claro. Nem merece aparecer na história. Ela morreu ao dar à luz. Desta vez morreu mesmo. O equilíbrio natural era mantido dessa forma. A morte dá lugar à vida, e vice-versa.

 

Mas como nem tudo é perfeito, ou pelo menos nós não o entendemos assim, e a filha nasceu com um defeito, ou uma característica diferente? Uma espécie de corcunda, que que aumentava todos os anos, e que a acabou por esmagar. Morreu.

 

 

Mas ao morrer alimentou diversos vermes, e outros necrófagos que acabaram eles próprios por se tornar enormes.  É através da morte que se chega ao céu, e foi através da morte dela que os vermes chegaram ao céu, o solo terreno era demasiado pequeno para eles.

 

Uma vez lá, atormentavam-no. A ele. Ou será que ele é que se deixava atormentar??

 

 

 

 

"Gostei da tua história."

"Não, é totalmente psicopata"

 

Os colegas de turma, olhavam para aquela suposta arte rabiscada no tampo da mesa, e da história inventada a partir dela. Será que aconteceu mesmo? Os olhos dele diziam que sim, e eram sinceros, além do mais, sei o que são pseudonarcisos, e só haveria uma forma de o saber....

 

 

sinto-me: wtf? xD
música: Crying Shame - Jack Johnson

12
Mai 08
publicado por Andi, às 21:07link do post | comentar | ver comentários (2)

Hoje é feriado regional aqui nestes calhaus. Desde 1980 que assim o é. Declarado com o dia dos Açores, o dia de hoje ser não só para mostrar e afirmar a açorianidade, como também para marcar um dia religioso, a segunda-feira do bodo, ou do Espírito Santo, como lhe quiserem chamar.

 

Há quem este dia apenas represente apenas o fervor religioso destas gentes, para outros um dia de tourada (que não fui), para outros é simplesmente um dia de descanso para ficar em casa, e há quem ainda, felizmente encare este dia com o devido respeito, que vá até ao fundo da sua consciência e pense no que são estas ilhotas espalhadas no imenso oceano Atlântico, nas suas gentes, no que fazemos, as nossas tradições centenárias, o modo como as deturpamos... Não pretendo ser moralista, seria extremamente errado da minha parte, não é que não goste de pertencer aqui, a esta gente, pelo contrário tenho muito orgulho. Mas acho que sou um tipo de açoriana que já não existe. Sinto-me um misto de passado e presente, e consequentemente futuro, tenho provavelmente os mesmos gostos que a minha bisavó, quase minha sósia, tinha. Tenho saudades do que nunca vi, de ver as casas típicas, baixas, ao comprido, com muros e degraus de cantaria,  de ver os jovens a trocar sinais na missa combinando um encontro para depois à noite, no meio dos cerrados de milho, onde se pudessem expressar, de ver a alegria com as coisas simples da vida, a multidão que se juntava para ver as pessoas a dançar, a roupa tosca, mas limpa e bem tratada, o gemer da viola da terra entre as mãos calejadas de um velhote sábio que mora ao lado da igreja... De correr pelos caminhos, descalças, com o vento a bater na cara, e tentando saltar por cima das silvas, se bem que nem sempre conseguindo... de uns Açores que em parte já passaram, e não voltam. Sentimentalista? Talvez. Vou mudar? No que depender de mim não.

 

 Enquanto me ainda proporcionarem tirar fotos como esta, estarei bem (sim eu tenho a mania de tirar fotos a torto e a direito), em que o céu parece se consumir por um fogo invisível, também eu continuarei a ver essas imagens na minha mente, que gostaria de ter vivido e experimentado.

 

 

 

 

música: Minimal Sounds - Rita Redshoes
sinto-me: açoriana

11
Mai 08
publicado por Andi, às 21:19link do post | comentar | ver comentários (2)

Como Amelie nerd que sou, não podia ter deixado de reparar na espantosa música que o filme tem, e que foi feita por um gigantesco nome da música, na minha opinião, Yann Tiersen. Desde então ouço-o, e deleito-me com as suas músicas de piano, acordeão, venha o que vier. Encontrei este vídeo e não pude deixar de o colocar aqui, de tão extraordinario. Rue des cascades, Yann tiersen. Até tirava a voz daqui, a música é tão genial que eu acho que a voz só a vem estragar...

música: Rue de Cascades - Yann tiersen

publicado por Andi, às 15:10link do post | comentar | ver comentários (2)

1 de Novembro de 1901

 

 

Estava ajoelhado no banco de madeira dura e gasta da igreja havia já cinco minutos.  As mãos postas, os olhos fechados, a cabeça baixa, tudo levaria a crer que aquele pequeno rapaz estaria profundamente embrenhado no sofrimento de Jesus, que representava o sangue e a carne, o vinho e o pão. Contudo, ele estava com os olhos fechados, mas nada via, em nada pensava, apenas conseguia sentir os joelhos descobertos, devido aos calções curtos que usava, surrando na madeira que tinha algumas falhas e que o magoavam.

 

 

Finalmente o padre ordenou que se levantassem.

 

A missa prosseguiu e o Chiquinho, como lhe chamavam, estava já afogueado na roupa apertada, que tinha pertencido a um dos seus cinco irmãos, que já tinha morrido, de uma febre muito alta. Nunca o chegou a conhecer, era o mais novo de sete filhos, seis rapazes e apenas uma rapariga. Os seus pais, já de alguma idade, não haviam contado com a vinda dele, mesmo logo após a morte do seu irmão, a mãe apercebeu-se que estava grávida, mas nada lhe tirava o travo amargo que a perda daquele filho lhe causava, mesmo vindo outro a caminho, assim, foi com alguma indiferença que ela teve Chiquinho.

 

Apesar de tudo, Chiquinho era um rapaz contente e espevitado que passava os dias nos cerrados verdejantes a apanhar bichos e a rolar na erva, a apanhar erva azeda, ou mesmo atrás das cabras fartas do pai, que mal podiam correr, pelo excesso de peso, e pelo facto de terem as patas da frente atadas às de trás, o que lhes prendiam os movimentos. Chiquinho achava isto mal, mas não conseguia exprimir por palavras porquê, simplesmente quando se imaginava como sendo a cabra sentia-se preso e isso provocava-lhe uma sensação de mal-estar.

 

"... e o Senhor vos acompanhe."

"Graças a Deus."

 

Finalmente a missa terminou. Saiu da igreja robusta e forte, como uma anciã centenária com cabelos grisalhos mas ainda com forças para cavar no quintal se o dinheiro escasseasse e as colheitas fossem más, às vezes conseguia personificar a igreja, e imaginava-a como essa anciã, que em nova fora mulher bonita e viçosa e que amamentou todos os seus filhos sem deixar escapar um lamurio que seja.

 

Já cá fora, o vento despenteava o cabelo que a sua irmã que tinha vinte anos, mais velha que ele dezasseis anos, havia tentado domesticar, digamos assim. Era frio, o vento, e húmido, e cercava as pessoas que se encolhiam e tentavam resguardar-se, apertando contra si mesmas a roupa domingueira.

 

Corria pelo caminho que ficava a norte da igreja, ajudado pelo vento a subir, fazia-lhe cócegas a aragem do vento nas pernas descobertas pelos calções. Mas alguém gritava por ele:

 

"Chiquinho!"

 

Virou-se para trás e pôde ver a irmã com o cabelo castanho encaracolado ao vento, o vestido pesado, grosso, cinzento até aos tornozelos, tapando-lhe o corpo gracioso e elegante, mas mesmo assim não lhe ofuscava a beleza dos seus olhos castanhos de chocolate, doces igualmente, tinha as mãos em concha para que ele a pudesse ouvir, sobrepondo a sua voz aos sussurros demasiado altos do vento.

 

"Ainda não vamos para casa! Vamos passar em casa do Senhor Fonseca, que teve mais um filho."

 

Voltou para o arraial, a correr, como sempre. E lá desceu o caminho do cruzeiro para ir a casa do Senhor Fonseca, dos mais abastados da freguesia. Bem, não se lhe pode chamar abastado, porque na realidade eram todos bastante pobres, mas o Senhor Fonseca possuía uma casa grande, comparando com as outras e tinha algum gado.Já lá havia estado a brincar com o Manuel, um dos filhos dele, que era um pouco mais velho que ele, tinha sete anos. 

 

A casa encontrava-se repleta de pessoas que haviam saído da missa e que eram familiares, amigos ou conhecidos dos Fonseca. Encontrou pessoas que conhecia como Vanessa, a prima mais nova da Sra. Maria da Conceição, as duas parteiras Lucinda e Guadalupe, que já se haviam limpo e que estavam ali prontas a ajudar no que fosse necessário.

 

A irmã encaminhou-o para o quarto principal, onde estava Maria da Conceição, e a seu lado estava um berço tosco feito de madeira. Aproximou-se devagar do berço, e quando lhe incitaram a olhar, e ele assim o fez, apenas viu um bébé minúsculo, careca e com os olhos inchados, aliás nem se viam olhos nenhuns, não sabia se havia olhos por detrás daquelas protuberâncias. Os dedos eram igualmente pequenos. Nunca vira um bébé assim, tão perto e tão pequeno, achou-o feio, e aborrecido, não havia nada de especial ali. Todos se encontravam a olhar para ele babados enquanto ele segurava a mãozinha frágil do bébé, nem percebia se era rapaz ou rapariga. E perguntou-se a si mesmo, é só isto? Realmente não percebeu a razão de toda aquela excitação. Viu o Manuel a passar e correu atrás dele para ir brincar para o quintal.

sinto-me: anti-social
música: Come as you are - Corvos

06
Mai 08
publicado por Andi, às 23:40link do post | comentar | ver comentários (2)

quando me sinto sozinha e isso dói. Literalmente. Sinto como se estivesse a usar um espartilho, que nada mais é do que símbolo da opressão feminina e subjugação perante o mito da perfeição e da beleza, e isso sufoca-me um pouco. A libertação desta tirania é a cura para a minha (aparente) falta de ar.

sinto-me: ...

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