Se não fosse as terríveis dores de dentes que sinto já teria escrito algo, nem consigo comer decentemente.

Se não fosse este calor arrebatador que me faz derreter até ao último poro, poderia escrever neste teclado completamente antiquado e que necessita de autênticos murros para "imprimir" uma letra. Parece uma máquina de escrever, isso até teria mais piada, porque faz aquele barulho especial, aquele "click".

Se não fosse o facto de eu estar a contar dias para isto e aquilo e a stressar por situações insignificantes e desprovidas de qualquer interesse saudável, provavelmente já teria escrito um Fragmento ou continuado a minha história quase esquecida do sopro de vento.

Se não fossem as minhas alergias, poderia contactar com o pó denso e palpável que envolve as minhas ideias e percepção,se é que ela existe, das coisas, e poder transportá-la para um mundo fantástico, se é assim que se fazem as histórias, pelo menos as de encantar, ou não é assim?

Se não fosse o facto de eu estar a escrever este muro das lamentações cheio de asneiras hipocondríacas, talvez tivesse escrito outra coisa e não tivesse desperdiçado 5 minutos da vida de alguém.

Se...

Como uma verdadeira Little Miss Sunshine fiquei estupefacta quando recebi um e-mail da Revista Malagueta a dizer que a nova edição tinha saído e que os meus textos tinham sido publicados! Passei então só para dar uma de vaidosa e para dar a conhecer este projecto. Recomendo que visitem, nem que seja para ver lá os meus textos!

Enfim, o tempo tem passado e nem tenho vindo aqui. Mas é por falta de tempo, desta vez é mesmo. Só para vos lembrar que continuo aqui para vos atormentar com irracionalidades que vos lembram as vossas... (Riso diabólico).

Deixando-me de devaneios, quero salientar que ontem estive num concerto espectacular. Ana Popovic! Não a conhecia antes, mas devo já salientar que nunca tinha visto, pessoalmente, ninguém tocar guitarra daquela forma. Não no sentido comum, a música era uma combinação de blues, sei lá mais o quê, enfim, demasiado alternativo para a maior parte das pessoas, que só parecem gostar de nomes conhecidos. Passando à frente, e como alguém (...) disse : "Ela toca melhor do que 90% dos guitarristas". E mais não digo senão que ela toca com um prazer tal, quase orgásmico. Vejam por vós mesmos (não consegui encontrar video melhor).

Porque os blogs também fazem anos, este menino aqui fez um ano. Nem tenho tido tempo para escrever, o que é um pouco mau, visto que até tinha na ideia escrever um texto que me anda a atormentar há uns dias. Enfim, terei bastantas oportunidades, espero eu.

Um ano já é substancial, penso eu. E ao ler alguns posts inicais consigo descobrir pequenas evoluções, se não for muito arrogante dizer isto, e não sou a única a achá-lo. No início era mais "fechada", obedecia a um conjunto de regras previamente estipuladas por ninguém, mas mentalmente feitas por mim. Restringia-me ao assunto, tentava fazer algo certo. Penso que hoje relativizei bastante mais as coisas (vai-se lá saber porquê), e tenho mais consciente que não há certo nem errado, feio nem bonito, pelo menos em termos de escrita, e também em geral. Muitas vezes escrevo o que me vem à cabeça, ideias desorganizadas, e não revejo o que escrevo, nunca! Parecem-me ideias anciãs aquilo que escrevo. Enfim, acho que até na escrita procurei uma maneira de me libertar, e que talvez tenha, parcialmente conseguido. Espero eu. 

E bem, já falei mais de mim do que devia, afinal éo blog que faz anos, que venha mais um!!