Does it make any sense?! No? So, welcome.
18
Dez 08
publicado por Andi, às 23:00link do post | comentar | ver comentários (4)

Abençoada miopia!

 

Estava sentado na parte superior do anfiteatro principal da faculdade, nas fileiras mais afastadas do quadro perto de ardósia, antiquado e preservador dos bons costumes didácticos, assim dizia o reitor da universidade de peito inchado, nos corredores.

 

Estava sentado na parte superior do anfiteatro e nada via. Ainda bem, a sua miopia não o deixava observar claramente o que o professor escrevia no quadro, o que conseguia ver era um emaranhado confuso [emaranhado confuso!] de rabiscos de giz branco, que todos os seus colegas copiavam religiosamente para o caderno, pedaços de sabedoria anciã, dogmática, que constitui um autêntico  testamento obrigatório que todos teriam de fazer, se alguma vez quisessem ser lembrados. Ele, contudo, não passava, não mais.

 

O professor papagueava umas quaisquer leis de um qualquer senhor medieval conhecido, cujo nome não se recorda, e cujo rosto não consegue distinguir de outro qualquer desconhecido também. Teria que saber enunciar essas leias, despejar conhecimentos aos pacotes como se de uma promoção de supermercado se tratasse, conseguir fazer os exercícios na mesma linha (ir)racional com que o professor os resolvia.

 

Trinta minutos para acabar a aula, a quinta numa série de cinco aulas seguidas, apenas intercalada por escassos intervalos, que consistia no tempo decorrido do tráfego de professores, ir e vir, ir e vir, ir e vir...

 

 O tempo arrasta-se, o tempo esquiva-se, contorciona-se, escapasse-nos entre os dedos, contraria-nos, eternamente... Eternamente! Ah, o tempo!! Maldito.

 

Com este arrastar absurdo dos segundos prolongados até um máximo de flexão, sentia uma vontade insana de vomitar, sentia-se mal, todo o seu organismo tendia a rejeitar aquilo tudo, não era natural, era contranatura, anti-evolução! Repudiava esse sistema, essas pessoas, repudiava-os, mas também não conseguia deixar de sentir uma espécie de repulsa por si mesmo por pertencer a esse sistema, por ter que conviver, ainda que minimamente com essas pessoas.

 

Os seus óculos estão na caixa simples azul-escura, a qual tem desde os seus dez anos, desde os seus primeiros óculos ridiculamente alongados e grandes, tinham-lhe oferecido aquela caixa com o seu nome gravado, que é tão ordinário que não vale a pena mencioná-lo aqui, seria desperdiçar o tempo de quem irá ler isto... Irónico, não?

 

Os óculos estavam na sua caixa azul-escura, a caixa está na sua mala apinhada de livros, a sua mala está aos seus pés, e ele está... Não, não quer saber onde está!

 

Mas poderia tirar os óculos, colocá-los diante dos seus olhos míopes, curar-se daquela miopia céptica, poderia ver o que estava no quadro, que, por agora pareciam hieróglifos egípcios, mas poderiam tornar-se inteligíveis, poderia observar o conhecimento puro descrito em ardósia, em pormenor... Poderia...

 

Todos se levantam, a aula acaba. Ele agarra na mala e sai do anfiteatro, ainda sem os óculos.

 

Ainda míope.

música: Lisboa não é a Cidade Perfeita - Deolinda

17
Dez 08
publicado por Andi, às 17:22link do post | comentar | ver comentários (6)

Estou doente. Estou insana. Estou desregulada a todos os níveis. Estou passando para o lado negro da força. Estou a degenerar, a oxidar num ritmo supersónico. Estou alucinando. Estou noutra dimensão. Estou em nenhuma dimensão, em nenhum tempo, em nenhum espaço, em nenhum conceito, em nenhuma lógica. Estou a metamorfosear-me. Estou??

 

Não, não estou. Apenas tenho diarreia mental. É uma condição patológica relativamente comum, a fluência exagerada de pensamentos merdosos. Que fazer para curar esta doença? Não gosto da designação de doença, parece que é mau, e isso depende da perspectiva, quero estar disponível para todas como se fosse estrábica, de uma forma muito estranha e retorcida, de um modo impossível que deliciosamente me permitisse olhar em todas as direcções, ver tudo em todos os sítios, não me limitar ao espaço, à visão enganadora que devia ser clara e reveladora da realidade. Iremos chamar-lhe de outra coisa qualquer, o que nos vier à cabeça, não interessa, pois o que acontece é completamente independente das nossas palavras, embora às vezes queiramos que não, e como narcisistas acreditamos cegamente que somos a influência de tudo.

 

 

Como eu ia a dizer, estou com diarreia mental. Os esfíncteres da minha mente não funcionam, aliás, a minha mente não funciona, nada funciona. O que é funcionar?

 

Enxurradas de situações hipoteticamente patéticas percorrem os caminhos sinuosos do intestino grosso, e nada é absorvido nesse processo, o essencial está a sair, a escapar-me. Sinto-me intelectualmente desidratada, deliro, só consigo sentir a boca seca, à falta de palavras e discursos inteligentes e inteligíveis. Mas eles não existem.

 

Será que algo disto existe? Sim, estou a ser céptica, mas estarei a tornar-me numa? A questionar tudo o que os outros fazem, tendo um desejo mórbido de não me tornar como eles, de não fazer o que eles dizem, de manter a minha integridade, ainda que má, é minha! Não vejo lógica em quase nada, e sim eu sei que digo que tudo é irracional, mas existe um certo limiar onde o irracional se torna absurdamente ilógico. Demasiado para que seja processado, pelo menos por mim, e assim surge a minha diarreia mental.

 

Bem, e para dar uma de hipocondríaca, não que não o seja, mas porque isso não se admite, pelo menos assim abertamente [grande piada, como se alguém fosse saber por aqui, afinal a diarreia mental tem um aspecto positivo, melhora o sentido de humor... (será preciso dizer algo mais?)]  o grande remédio para esta diarreia é uma viagem, extra-corporal, extra-sensorial, extra-terrestre, extra-continente, extra-pessoal, extra-tudo. Simplesmente extra, quero ver-me por fora, saber os meus limites, saber o meu potencial (mesmo que seja nulo).

 

Queria escrever algo que vos pudesse interessar, mas não consigo, nem sei se alguma vez consegui, preciso dessa viagem, ou pelo menos da sua ilusão. Ainda assim escrevi isto? Interessa-vos?  [Esta era outra piada...]

música: Can't stop - Red hot chili peppers
sinto-me: ill

11
Dez 08
publicado por Andi, às 11:51link do post | comentar

Eu sei que hoje já é dia 11, mas também como sou atrasada em quase tudo aqui fica um vídeo para comemorar, digamos assim, os sessenta anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

 

 


09
Dez 08
publicado por Andi, às 22:26link do post | comentar | ver comentários (2)

Até que ponto estamos a defender o nosso bem-estar ou a ignorar o bem-estar alheio?

 

Questões tão pertinentes estas a de um narcisista.

tags:

02
Dez 08
publicado por Andi, às 22:04link do post | comentar

Existem coisas que nos irritam por razão nenhuma, ou por razões muito estúpidas, e esta

 

 

é uma delas! Não suporto ver isto em tamanho gigantesco no metro, apetece-me rabiscá-lo de cima a baixo... Who knows some day i'll do that! *Evil laugh*

 

sinto-me: irritada

01
Dez 08
publicado por Andi, às 14:08link do post | comentar | ver comentários (2)

Estava a pensar em como escrevo neste blog, o estado em que me encontro quando sinto aquela vontade insana de escrever à velocidade da luz, um ritmo frenético, e as palavras vão fluindo ao som de uma música qualquer que me estimula os sentidos e a alma.

 

A alma! Nem vou falar disso, não me quero contradizer mais ainda, tornar-me confusa, esquizofrénica...

 

A questão é que se me tentar lembrar do que escrevi num post qualquer de há duas outr três semanas, nao me lembro bem de todos os pormenores, das motivações que me levaram a escrevê-lo, a imagíná-lo,  a percorrer esse momento de forma minuciosa, analítica, como se fosse nada mais que uma descoberta infantil e mimada do que são as pessoas, os seus sentimentos, e a confusão psicadélica de termos e ligações entre tudo e todos e mais alguma coisa e mais alguém... Há sempre mais, e mais.

 

 

É como se fosse outra pessoa a escrever, por vezes surpreendo-me com o que leio, tanto pela positiva como pela negativa. É estranho como não me consigo reconhecer por vezes, estarei a atravessar uma fase de metamorfose invisivel, indetectável, e ainda assim ácida desfigurando a minha personalidade e o meu modo de estar?

 

Não me surpreende que fiquem desiludidos comigo, se até eu fico.

 

sinto-me: strange

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