Porque escrevo eu? Porque escrevemos nós? Porque damos uso às palavras, por vezes um uso tão inócuo, supérfluo e inútil, que por vezes uma folha amarelecida a voar no meio de um jardim urbano, uma folha que ninguém nota, que ninguém quer, que ninguém vai apanhar, essa folha, por vezes, tem mais significado.
Porque escrevo? Isto é escrever? Escreverei porque ultimamente sinto-me incapaz de socializar com alguém de quem nada conheço, será a escrita uma alternativa ao discurso?
Sinceramente não me parece. Existe um impulso dentro de nós, pelo menos a maior parte, que nos leva a escrever. Um frenesim nos dedos que os leva a escolher as letras, sem sabermos quais as palavras que escrevemos. Por vezes esse frenesim tem uma causa de dor, de angústia, por outras é uma causa de paz, de entendimentos. Ainda noutras vezes, não tem qualquer tipo de causa. É a fuga da realidade, é o encontro da idealidade, é a descrição do que vemos, é a descrição do que deveríamos ser. É uma opinião, é um comentário, é um insulto. Seja o que for. Sei que nem sempre escrevo, por vezes estou embrenhada noutros assuntos, o curso ocupa-me grande parte do tempo, o tempo escoa-se tão rapidamente, que passo metade dele a decidir o que fazer com o que me resta. Ainda existem alturas em que não sei o que escrever, estou confusa, as ideias misturam-se e entrelaçam-se na minha mente e não consigo separá-las.
Leio e escrevo. O que escrevo será realmente meu? Ou será apenas fragmentos combinados do que leio? Serão minhas as palavras? A arrogância não é tanta que me permita afirmá-lo.
Interrogo constantemente, mas dou poucas respostas. Talvez não me compita a mim fornecê-las.