Acção e descrição. Movimento e inércia. Verbo e adjectivo. Principal e secundário.
Antagonismos. Definições, eu diria mais, invenções de mentes controladoras do pensamento geral, que nada mais é do que uma generalização de um pedaço de pensamento degenerado por milhões de anos. Irónico como tudo o que pensamos ser dinâmico e vivo nada mais é do que um vazio desolador.
O pessimismo invade-me as veias, as artérias, os capilares, invade-me os espaços intersticiais entre as células, percorre todo o meu corpo, percorrendo indefinidamente toda a anatomia, também ela isenta de sentido.
A acção é sobrevalorizada. O movimento destituído de valor e sentido aos meus olhos é tudo o que é necessário à vivência de todos nós. Porque não observar minuciosamente o movimento inerte das paisagens, dos momentos fugazes e intocáveis de cada fragmento de tempo? Porquê fixar-se na acção, quando a dizemos, ela passa a ser passado, e nunca futuro, porque o futuro não existe, e o presente apenas o é quando deixa de ser. Não dizem todas as pessoas que não podemos viver agarradas ao passado?
Mais uma vez, exaustivamente e inutilmente venho repetir-me até que a artrite me venha atacar de tal forma que nem consiga teclar, a irracionalidade é uma forma de ser, é o que nos define. Já começa a ser demasiado repetitivo estar a repetir esta palavra, até mesmo quando não fazemos sentido. Existe um limite para (quase) tudo.
O tempo esmaga-nos, oblitera-nos os sentidos, esvanece a nossa criatividade, pressiona-nos apenas a fazer o que é suposto fazer, o que está marcado, o tempo não nos dá tempo.
Por vezes penso que tenho ideias demasiado ingénuas, demasiado puras, simples, por isso tudo o resto me parece descabido. Ainda assim apreciarei uma paisagem, uma descrição sempre que me apetecer, desrespeitando o tempo e a lei da acção.
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