Protegidos por casas confortáveis, com roupa supostamente bonita, todas as comodidades indicadas como as suficientes para nos fazer sentir felizes, uma vida (quase) perfeita. Muitos amigos, um trabalho, alguém para constituir família, e passar assim os nossos dias.
Nem sei como escrever isto, se começarei por dizer que sou eu a ingénua, mas consigo ver falsidade e hipocrisia em quase tudo o que me rodeia, ou se acho que simplesmente é um modo de estar na vida. Conectar-se a tudo, apenas superficialmente, conhecer o suficiente para dizer que conhece, e poder tirar proveito disso, mas não profundamente, para algum dia poder ajudar essa alguém, ter que se sacrificar, tirar algum do seu tempo, prestar atenção a alguém.
É assim que me encontro debaixo da ponte, desprotegida do vento agreste da falsidade e do oportunismo, ignorada por vezes e com demasiada atenção outras vezes.
Simplesmente, ignorarei esse vento ininterrupto, acomodando-me num canto qualquer sujo, debaixo dessa ponte onde existem muitas pessoas, mas nenhuma consegue ver os outros, onde, afinal, estamos todos juntos, mas irremediavelmente sozinhos.