Does it make any sense?! No? So, welcome.
29
Nov 08
publicado por Andi, às 01:11link do post | comentar

Gosto de pensar que o que escrevo no blog não sou eu, não é pessoal, faz-me sentir imune, uma observadora estranha, daquelas que nos fita fixamente com os seus olhos grandes e estrábicos, pois nunca temos a certeza que está a olhar fixamente para nós. A ficção distancia-me da realidade, whatever that is.

 

 

Contudo existem episódios reais que merecem ser contados, pois eu nunca conseguiria imaginá-los, colocá-los na sua posição correcta, encadeado, como uma trança de cebolas que a minha avó costuma fazer sentada num banquinho de madeira, cobrindo as suas pernas com algumas varizes pelas cebolas alaranjadas, manuseando-as com destreza e rigidez, a precisão da sabedoria. Não conseguiria, jamais.

 

Já consigo sentir a baba espumosa dos leitores a escorrer pelo teclado, sim pelo teclado, ainda não sou computadorizada, ainda, mas quando me lêem, a mim não, ao que escrevo, e no entanto a mim, é como se eu incorporasse o computador, como se fosse eu a falar aquilo que os olhos falam , como se as letras fossem o mover dos meus lábios, e a pontuação a expressão desastrada que tentaria dar ao meu discurso.

 

Guardem essa preciosa baba, pois os acontecimentos que vou relatar são de uma estranheza tal, que o seu interesse desvanece.

 

Primeiro acontecimento. Um indivíduo a mijar na rua. Nada de ordinário. O pessoal mija nos cantos a toda a hora. Coisa estranha, o senhor de meia idade, aparentemente normal estava a fazê-lo no meio do caminho, eu por acaso vi o caso. O senhor terminou o seu assunto e continuou a sua viagem descansado, como se nada fosse.

 

Segundo acontecimento. Manada de homens/rapazes, sim eram mais rapazes da marina, ou lá o que é aquela seita militar, daqueles que usam uma boina esquisita com um lacinho, roupa azul escura com algumas riscas vermelhas. Do tipo marinheiro dos filmes antigos? Tal e qual. Não falo de uma pessoa assim vestida, falo de várias, a sair do metro. Parecia uma enxurrada de déjà vu, uma psicose grave qualquer, uma falha no matrix, parecia o Carnaval da Madeira antecipado, parecia uma partida global feita para me fazer figura de parva. Esperem, não era só uma (que palavra usarei para não dizer convenção social estúpida, digo demasiadas vezes isso...) ... que dita que os marinheiros ou lá o que eles sejam se vistam de uma maneira igual, pré concebida, irracional e despropositada...

 

Não percam os próximos episódios desta saga!


14
Mai 08
publicado por Andi, às 20:29link do post | comentar | ver comentários (2)

Atirou-se  de um penhasco. No céu não se suicidavam, nem havia esse conceito. Mas ele fê-lo. Atormentavam-no. No céu!!! Tão bonito era o céu, cheio de flores, de pseudonarcisos, enormes e amarelos que exalavam um cheiro esquisito, e que supostamente, era bom, mas ele não gostava.

 

Teve morte instantânea. O sangue vermelho vivo e líquido escorria-lhe das entranhas para os orifícios, uma espécie de tubos que se alargavam, e que faziam o contacto entre a terra e o céu. Misturou-se na atmosfera. E fez-se chuva. Chuva vermelha. Chuva de sangue. Sangue de chuva.

 

Cá em baixo, no mundo terreno e sem interesse, ela se encontrava já preparada para a chuva, segurando na mão um guarda-chuva. As gotas translúcidas de sangue escorriam pelo guarda-chuva, e respingavam os seus pés. Ela não era ninguém. Não tinha rosto nem expressão. Era preciso?! Era apenas uma ela.

 

Continuou, ela na sua caminhada. E foi atingida por um raio. Um raio, que poderia ser de sol, um maroto, um curioso, que quisesse sentir alguém intensamente. Neste caso, ela. No entanto, ela morreu, mas continuou viva, e continuou.

 

Foi julgada pelos seus modos considerados hereges, que nada mais eram do que uma visão ingénua e puritana das coisas, e foi enforcada. Morreu, mas continuou. E conheceu um ele, um outro ele. E ficou grávida. Ele abandonou-a, claro. Nem merece aparecer na história. Ela morreu ao dar à luz. Desta vez morreu mesmo. O equilíbrio natural era mantido dessa forma. A morte dá lugar à vida, e vice-versa.

 

Mas como nem tudo é perfeito, ou pelo menos nós não o entendemos assim, e a filha nasceu com um defeito, ou uma característica diferente? Uma espécie de corcunda, que que aumentava todos os anos, e que a acabou por esmagar. Morreu.

 

 

Mas ao morrer alimentou diversos vermes, e outros necrófagos que acabaram eles próprios por se tornar enormes.  É através da morte que se chega ao céu, e foi através da morte dela que os vermes chegaram ao céu, o solo terreno era demasiado pequeno para eles.

 

Uma vez lá, atormentavam-no. A ele. Ou será que ele é que se deixava atormentar??

 

 

 

 

"Gostei da tua história."

"Não, é totalmente psicopata"

 

Os colegas de turma, olhavam para aquela suposta arte rabiscada no tampo da mesa, e da história inventada a partir dela. Será que aconteceu mesmo? Os olhos dele diziam que sim, e eram sinceros, além do mais, sei o que são pseudonarcisos, e só haveria uma forma de o saber....

 

 

sinto-me: wtf? xD
música: Crying Shame - Jack Johnson

27
Ago 07
publicado por Andi, às 16:30link do post | comentar | ver comentários (4)

Aqui está um "pequeno" vídeo com fotos premiadas.

Podem até não o ver, não interessa... Decidi divulgá-lo porque gosto de fotografia, porque acho que estas estão mesmo muito boas (ou não fossem premiadas...), e porque não consigo ficar indiferente perante elas.....
sinto-me: sensiblizada

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